quarta-feira , 18 junho 2025

Irmã de estudante de medicina que matou a mãe atropelada revela anos de violência e abusos

Lara Aquino, irmã de Carlos Eduardo Aquino, estudante de medicina acusado de atropelar e matar a própria mãe, revelou detalhes sobre a rotina de violência vivida pela família em uma entrevista ao programa “Encontro com Patrícia Poeta”, da TV Globo, nesta quarta-feira (13). Segundo Lara, as agressões começaram quando o irmão tinha cerca de 17 anos e se intensificavam na ausência do pai, que viajava a trabalho. “Eu tentava defender minha mãe e acabava sendo agredida também”, desabafou.

Desde muito jovem, Lara buscou ajuda, chegando a ir à delegacia sozinha. “Com 10, 11 anos, eu ia chorando, desesperada, pedir ajuda. Mas nada acontecia”, relatou. Segundo ela, o irmão, que se dedicava ao fisiculturismo, desenvolveu muita força física, o que tornava difícil qualquer intervenção. “Ele se sentia invencível, quebrava tudo pela frente”, contou, lamentando que suas denúncias não resultaram em medidas protetivas.

Lara também relatou que, apesar das agressões, a mãe ainda nutria esperanças de que o filho mudasse, um sentimento de amor e esperança que, com o tempo, foi substituído pelo medo. “Ela era mãe e acreditava que ele poderia melhorar”, explicou Lara, emocionada.

Durante a entrevista, ela revelou ainda um episódio em que, após ser agredida, os policiais foram até sua casa e, mesmo vendo seu estado, não detiveram o irmão. “Os policiais ficaram ali conversando com ele e foram embora. Foi desesperador”, relatou.

Lara também mencionou que o pai era refém da situação, temendo as reações agressivas do filho. A família se viu obrigada a vender praticamente tudo o que possuía para sustentar a faculdade de medicina de Carlos Eduardo. “Meu pai vendeu uma casa, carro, moto, e fez vários empréstimos”, detalhou Lara.

Ela lamentou os julgamentos que a família vem sofrendo nas redes sociais, onde muitos a acusam de omissão. “Eu defendi minha mãe todas as vezes e fui agredida. Quando vi que minha palavra não bastava, gravei um vídeo como prova. Foi a única vez que não interferi, porque se ele visse o celular, quebraria o aparelho e eu perderia a prova”, explicou.

Por fim, Lara revelou que saiu de casa para preservar sua saúde emocional e ajudar seus pais de forma mais eficaz. Ela se dedicou integralmente ao cuidado do pai, abalado emocionalmente pela situação, e disse desconfiar de que o irmão estivesse consumindo drogas pesadas, além da cocaína.